Disruptores endócrinos são substâncias não produzidas pelo nosso organismo que tem a capacidade de se ligarem e ativarem nossos receptores hormonais. Os xenoestrógenos são algumas destas substâncias que agem nos receptores de estrogênio.
A vida moderna nos expõe constantemente a estas substância que estimulam os receptores hormonais das mamas (muitas já proibidas em países europeus e Estados Unidos, mas ainda presentes no Brasil). Estima-se 70.000 compostos químicos e industriais, destes 160 associados ao desenvolvimento de câncer de mama in vitro e em modelos animais. Entre eles tem-se os parabenos (shampoos e cosméticos), bisphenol A (plásticos aquecidos), fitalatos (perfumes e plásticos), hidroxianisolbutilado (conservante alimentar), 4-metilbenziliden canfor (protetor solar), nonylphenol (detergentes), DDT, endosulfano, heptaclor, metoxiclor e atrazina (agrotóxicos) entre outros.
A relação entre os estrogênios e o câncer de mama começou a ser evidenciada em 1896 quando George Beatson começou a tratar suas pacientes pré menopausadas de câncer de mama com ooforectomia. Desde então esta relação tem sido reforçada, sendo aceito, atualmente, como fator de risco para câncer de mama, como maior exposição aos estrogênios naturais na menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade, primeira gestação tardia; e na reposição hormonal com estrógeno equino conjugado por mais de 05 anos.
O estimulo dos xenoestrógenos causa doença mamária no humano? Existe associação com câncer de mama nas mulheres? Estas perguntas ainda não têm respostas definitivas e também não existem muitos estudos em andamento. Com maior evidência, tem-se um estudo que analisou a concentração urinária de fitalato em 233 casos e 221 controles, demonstrando aumento de câncer de mama pela exposição ao xenoestrógeno com OR 2,20 (IC95% 1,33 – 3,63 p<0,01) e outro que comprovou o aumento de densidade mamária à mamografia com exposição a bisphenol A e fitalatos. A partir destes dados infere-se uma estimulação mamária com xenoestrógenos maior do que com exposição a soja, no que se refere a densidade mamária; ressaltando que esta, isoladamente, é um fator de risco para câncer de mama.
Apesar de ainda não termos uma resposta definitiva, se pudermos evitar tomar cafezinho em copo plástico, observar a composição dos plásticos que aquecemos no micro-ondas, evitar cosméticos com parabenos e fitalatos, diminuir o consumo de agrotóxicos… estaremos poupando o fígado para outros processos metabólicos e possivelmente diminuindo o risco para câncer de mama.
Por Dr. Cesar A. Machado Cremeb 15187