Oncoplástica e o resgate da autoestima

O diagnóstico de câncer é, muitas ve­zes, acompanhado por surpresa, dúvidas e apreensão – da incerteza da cura, da cirur­gia, dos efeitos colaterais dos tratamentos. Quando a doença é na mama, as questões que afligem a doente são agravadas, pois envolvem uma possível mutilação.

As mamas são símbolos de maternida­de, sexualidade e feminilidade, por isso o câncer da mama e seu tratamento, muitas vezes, podem conduzir a alterações na au­toimagem, perda funcional, alterações psí­quicas, emocionais e sociais.

No fim do século XIX, William Halsted descreveu a mastectomia radical, que con­siste na retirada de toda a mama, pele, músculos peitorais e os gânglios axilares, obtendo as primeiras curas. Desde então o tratamento cirúrgico do câncer de mama apresentou inúmeras variações e modifi­cações, procurando tratamentos menos agressivos e com iguais resultados terapêu­ticos. Nos anos 80, a partir dos trabalhos pioneiros de Veronesi, comprovou-se que a cirurgia conservadora da mama podia apresentar os mesmos resultados de cura da mastectomia radical modificada, sem o trauma da perda da mama e da desfigura­ção do corpo da mulher. Apesar de ser um erro, é comum a paciente deixar de se sentir mulher pós-cirurgia e alterações no contor­no mamário, prejudicando sua vida pessoal, impedindo o marido de ver novamente seu corpo, desestruturando sua família e seu lar.

A evolução desta história é a oncoplás­tica, abordagem que visa unir oncologia e técnicas de cirurgia plástica. Pode ser feita na cirurgia conservadora, nas novas mas­tectomias e nas reconstruções pós-mastec­tomia, sem impedir as chances de cura e se preocupando com toda a simbologia que a mama representa para as mulheres.

Dra. Tatiana Paes de Barros Bottiglieri, Mastologia, CRM-BA 22.981.

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